domingo, 16 de setembro de 2012

ENTREVISTA BOMBÁSTICA DE JUTAHY JÚNIOR


O deputado federal Jutahy Júnior circulou neste final de semana no sul da Bahia em atividades de apoio a candidaturas do arco de alianças do PSDB. Ontem à noite, o parlamentar falou do mensalões do PT e do PSDB mineiro (claro, diferenciando-os), eleições de 2014 e fez avaliação das disputas eleitorais em Ilhéus e Itabuna.

Jutahy vê corrida acirrada pelo voto em Itabuna sendo travada entre o prefeito e candidato à reeleição, Capitão Azevedo (DEM), que tem apoio do PSDB, e Claudevane Leite, Vane do Renascer (PRB).

Para ele, o cenário em Itabuna ficará mais nítido quando o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) liberar o registro de candidatura de Azevedo, barrado em primeira instância por irregularidades insanáveis em licitações e contratos nos anos de 2009 e 2010.

Jutahy disse que, no geral, o PSDB acertou ao abrir mão de candidaturas próprias a prefeito nos grandes municípios baianos em favor de aliados mais viáveis eleitoralmente, a exemplo de Azevedo em Itabuna. E critica a estratégia petista de nacionalizar a disputa de 2012.

PIMENTA – O PSDB, taticamente, agiu certo ao abrir mão de ter candidaturas próprias a prefeito nos principais municípios da Bahia?

JUTAHY JÚNIOR - A estratégia foi exatamente essa: fortalecer as candidaturas aliadas mais viáveis. Mesmo onde abrimos mão, temos chapas fortes para vereador. Esperamos fazer três vereadores em Itabuna, onde tínhamos nome respeitado para disputar a prefeitura, Ronald Kalid. No geral, nossa estratégia é inversa à do PT, que preferiu nacionalizar as campanhas com o “time” de Lula, Dilma e Wagner.

A estratégia do PT é errada?

O PT cometeu maior equívoco. A [estratégia] é completamente furada. Impuseram candidaturas artificiais, esqueceram de propostas com identidades nas cidades. Achava que só o marketing político era suficiente. Mas é indiscutível que houve desgaste do PT com o mensalão. A imagem foi atingida. Somou-se ao erro de estratégia nacionalizada o mensalão.

No plano nacional, o PSDB lidera em duas capitais, mas não aquelas de grande expressão. As estratégias tucanas também não têm sido equivocadas?

Lideramos em Macéio (AL), Teresina (PI), Vitória-ES, Rio Branco (AC) e São Luís (MA).

O que está acontecendo em São Paulo, com José Serra?

A luta é levar o Serra para o segundo turno. E acho que isso é muito provável, que chegue ao segundo turno.

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Na cidade de São Paulo, tem quem o quer, mas também tem o petista e quem é próximo ao PT que tem em Serra o antagonista.

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Mas ele, segundo as pesquisas, tem rejeição superior a 40%. Como se explica essa rejeição?

Serra foi candidato tendo embates muito fortes. Foi para o segundo turno contra a Dilma em 2010. Foi contra Marta Suplicy em 2004, na disputa pela prefeitura. Na cidade de São Paulo, tem quem o quer, mas também tem o petista e quem é próximo ao PT que tem em Serra o antagonista. Tem o que vota e o que não vota nele. A campanha, dessa vez, é acirrada. É impositiva do Lula no apoio a [Fernando] Haddad. Dilma, também [apoia].

Qual a análise do senhor quanto às disputas em Itabuna e Ilhéus?

A questão de Ilhéus eu não tive participação. Estou mais envolvido com os vereadores. [Os deputados] Imbassahy e Augusto Castro que definiram [apoio a Jabes Ribeiro, do PP]. Já em Itabuna, eu participei diretamente na decisão, no convencimento do diretório municipal, de fazer essa aliança.

E a disputa em Itabuna, que cenário o senhor enxerga?

Em Itabuna, é disputa que ainda está em aberto. Acho que a eleição vai ser entre o Capitão [Azevedo] e Vane. Mas na hora que sair o registro [de Azevedo], teremos cenário mais nítido. Existem muitos eleitores indecisos.

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Em Itabuna, estamos muito otimistas [quanto à disputa no legislativo], esperamos fazer três vereadores do PSDB.

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Mas as sondagens revelam o contrário: o percentual de indecisos é muito baixo.

Acho que [a disputa] vai ser entre Azevedo e Vane, com boas perspectivas para o capitão. Em Itabuna, estamos muito otimistas [quanto à disputa no legislativo], esperamos fazer três vereadores do PSDB.

Como o PSDB sai das urnas na Bahia?

As projeções são razoáveis no quantitativo. No sentido político, será positivo. Temos o vice em Conquista, abrimos mão em Salvador e em Camaçari [onde o partido renunciou em apoio a Maurício de Tude, do PTN]. Nossa estratégia foi apoiar, eleger prefeitos eficientes para pensar em 2014. O trabalho [de alianças] que o Augusto tem feito ajudou o PSDB a expandir muito aqui na região sul.

O senhor falou de Itabuna. E Ilhéus?

Jabes é favorito. Isso é indiscutível.

O apoio a Jabes, que é do PP, e a candidaturas de legendas aliadas ao governo baiano reflete o jogo a ser jogado em 2014?

Eu creio que o núcleo que se formou em Salvador será o mais provável para eleição de governador em 2014. A dúvida é onde estará o PMDB. Mas a aliança PSDB, DEM, PV, PPS, PTN é muito provável que se mantenha.

Independente do resultado em Salvador?

Em Salvador, está consolidada a confrontação. Um lado está com ACM Neto e outro com Nelson Pelegrino (PT). No primeiro turno, Neto será o mais votado. A discussão é se essa diferença vai ser suficiente para ganhar no primeiro turno.

A presença de Lula em Salvador não deverá provocar mudanças?

O comício não trouxe nenhuma novidade. Lula estava todos os dias na televisão, apoiando o Nelson Pelegrino. [O comício]É simplesmente uma presença física. O fato novo é o apoio de Imbassahy [a ACM Neto].

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Eu tinha absoluta certeza de que o Marcos Valério falaria quando visse que não cumpriram o acordado com ele.

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A reportagem da Veja desta semana atrapalha os planos do PT, com o Valério falando de participação de Lula no Mensalão?

Eu tinha absoluta certeza de que o Marcos Valério falaria quando visse que não cumpriram o acordado com ele. Ele não quer ficar para a história como mentor de um processo de corrupção. Esse processo tinha toda a cúpula do PT. Dirceu era principal braço executivo.

O senhor acredita que esse processo chegará ao PSDB, com o Mensalão de Azeredo, em Minas, a gênese do processo de corrupção?

O Mensalão do PT é nacional. Foi um processo sistêmico, concebido pela direção nacional para montar estrutura de apoio, compra de apoios parlamentares. Nunca se montou uma estrutura dessas para compra de apoios no Congresso Nacional. O que há de novo nesse processo é que a sociedade está vendo que gente poderosa, influente, com advogados caríssimos, vai ser condenada. Está indo [embora] a ideia de prescrição, protelação, de que tudo acabaria em pizza, ao contrário do que falou o Delúbio [Soares], que isso viraria piada de salão.

E o mensalão mineiro?

Acho que todo mundo que fez algo semelhante deve ser julgado, condenado. Seja em MG ou na BA. O STF (Supremo Tribunal Federal) ou STJ (Superior Tribunal de Justiça) terá a oportunidade de julgar [o Mensalão de Minas]. Com o Mensalão do PT, pela primeira vez tivemos esquema nacional. Montou-se um sistema de pegar recursos públicos, com bancos privados e agências de publicidade.

Qual o nome das oposições mais viável para 2014?

Primeiro, o resultado eleitoral de 2012. As eleições de prefeito têm força específica para a realidade da cidade. Sempre considerei que eleição de prefeito e vereador tem peso para a eleição de deputado. São as lideranças que se fortaleceram ou que surgiram. As eleições municipais ajudam, mas não é fator decisivo para a eleição de governador. Agora, que ACM Neto ganhe em Salvador, Zé Ronaldo em Feira de Santana e Capitão Azevedo em Itabuna, grandes cidades que a oposição vença, cria-se um clima de mobilização e expectativa de alternância de poder no estado. Porém, isso não é causa e efeito. fonte:pimentablog

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