sexta-feira, 1 de abril de 2011

1º DE ABRIL: VERDADES E MENTIRAS

Do Política Et Cetera:

Ricardo Ribeiro | ricardoribeiro@pimentanamuqueca.com.br

O sujeito prevenido acorda em 1º de abril com o espírito armado, esperto para não cair em pegadinha e ficar com cara de trouxa. Diante da primeira história não muito verossímil, é preciso ter pronto aquele ar superior de desdém e mandar na lata do engraçadinho um belo “vá procurar o que fazer!”.

Meu amigo Luiz Conceição, jornalista perdigueiro (não por ser cachorro, mas por ter um faro considerável), estava todo desconfiado com uma notícia publicada no site do jornal espanhol El País. Dizia lá que uma universidade brasileira desenvolvia uma espécie de polímero, feito com banana, abacaxi e coco, para utilizar na indústria automobilística.

Lula duvidou: “rapaz, isso aqui é um 1º de abril clássico”. Mas, depois de uma rápida pesquisa no Google (é bom ser desconfiado, mas não refratário), acabou descobrindo que a notícia é verdadeiríssima. Os pesquisadores brasucas realmente estão elaborando um “plástico” com aquelas inusitadas matérias-primas, para uso em painéis e outras partes dos veículos. Não era piada com os muitos “abacaxis” do país e com os “bananas” que não têm competência para resolvê-los. Aliás, que matéria-prima farta!

O jornalista se lembrou de um 1º de abril impagável, que fez a revista Veja comer a maior barriga nos idos de 1983. Naquele ano, a publicação inglesa New Science inventou a fantástisca história do “boimate”, que seria produzido a partir da fusão de células do boi e do tomate. Isso geraria uma incrível carne que já viria do curral com molho e tudo! Acredite: o responsável pela editoria de ciência da Veja comeu a farofa e a publicou como coisa séria, inclusive entrevistando um biólogo para repercutir a novidade.

Neste 1º de abril, em um debate na Ceplac, o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB/SP) despertou nosso detector de lorotas. No meio da conversa com cacauicultores, ele contou que, em São Paulo, a Anvisa proibiu os restaurantes de vender galinha ao molho pardo. Segundo o deputado, para aproveitar o sangue da galinha após o abate, só falta agora exigirem a presença de uma equipe composta de cirurgião, anestesista, além de biólogo e outros profissionais graduados.

Para mim, a história seria mais uma pegadinha de 1º de abril, mas… ledo engano. Era pura verdade, em mais uma demonstração de que muitas vezes o que parece absurdo pode ser real.

Ricardo Ribeiro é um dos blogueiros do PIMENTA e também escreve no Política Et Cetera.

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